domingo, 8 de maio de 2011

S.O.S Família


                                                Mãe adotiva

        A mente repassa os acontecimentos felizes da nossa vida e envolvo em ternura a memória da nossa convivência.
        Esta mulher extraordinária, de quem me recordo, fez tudo quanto o amor poderia lograr, a fim de amparar-me, ocultando a minha procedência obscura e anônima.
        Cercou-me de carinho e protegeu-me, para que nada me afetasse. Insulflou-me a força do seu devotamento, que era o hálito poderoso do seu amor, em emoção carregada de bençãos no verbete sublime que é: mamãe! 
        Jamais deixou-me perceber as lágrimas que vertera antes de eu chegar e sempre me demonstrou a felicidade que a minha presença lhe causava. No entanto, na sua inocência, pensava que todas as pessoas seriam benignas e gentis quanto ela sempre o foi.
        Assim, não demorou muito para que, em plena adolescência, o seu segredo me fosse desvelado de maneira cruel, por meio de um coração leviano que, pensando que nos iria destruir, chamou-me de filha de ninguém.
        Abalada,  quase tombei ante o golpe insano. Todavia, a transparência do seu olhar e a devoção do seu afeto fizeram-me silenciar o acontecimento no imo da alma. Não me foi fácil, nem tão pouco difícil enfrentar a nova circunstância e nessa conjuntura eu descobri, em júbilo, a grandeza do amor de mãe adotiva.
        As outras, as mães carnais, às vezes, são compelidas pelo corpo a amar os filhos que geram, mas você e todas as mães de adoção, amam pelo espírito, elegendo quem lhes vai receber o devotamento, a dedicação.
    ... E não se tornam menos mães!
        Sofrem mais, certamente.
       Quando revelam ao filho as circunstâncias da sua origem, temem magoá-lo e, quando não o dizem, vivem sempre temendo perdê-lo, quando forem descobertas.
        Seu querer é suave como a claridade lunar e forte como somente o amor abnegado pode tornar-se.  São anjos anônimos e abençoados na multidão.
        Homenageando-a, mãezinha adotiva, desejo dizer a outras que lhe são iguais que, desde o dia em que pensem em receber um filho que lhes não proceda do seio, considerem também, a necessidade de dizer-lhe, sem receio, demonstrando que o amor é Deus e d'Ele tudo procede, para Ele retornando, não sendo, pessoa alguma, propriedade de outrem, senão, todos filhos do Seu amor, nutridos pelo Amor, para a glória do eterno Amor.

Do livro  S.O.S. Família (Divaldo P. Franco pelo espírito Amélia Rodrigues)

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